Eucaristia, S. Ângela, a caridade divina
Jesus Cristo, no seu Sacramento do Amor, foi para a nossa Mãe Santa Ângela a fonte inesgotável, o fogo inextinguível que a incendiou, inflamou e queimou com a chama da caridade divina. Filhas, isso é evidente para nós, na sua admirável vida e da próprio Regra que ela entregou à Companhia. É ali que aparece o coração de Ângela e o seu vivo desejo que as suas filhas se aproximam com frequência à mesa celeste porque, do Pastor que apascenta as suas ovelhas em pastagens abundantes e lhes dá de beber com o seu próprio sangue, eles recebem a vida vigorosa e feliz que Jesus quer para eles: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância (Gv 10,10).
Filhas, vós deveis viver como um dever a imitação da vossa Mãe, devotíssima da Eucaristia, a qual vos pede de aproximar-vos àquela mesa com fervorosa frequência para revelar de maneira sempre mais vivo, das vossas Comunhões, uma perfeição tal que sempre melhor vos aproxime à perfeição de vida à qual a Comunhão levava S. Ângela.
O que deveis fazer?
Eu imagino S. Ângela sempre mergulhada na contemplação deste grande mistério da nossa fé. Desta meditação ela compreendia a sua vida, o modo profundo de existir de Jesus Cristo no Sacramento e queria que aquele modo de ser de Jesus fosse a forma e o modelo da sua existência, assim para poder dizer, como Paulo: “Não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim (Gal 2,20)”. Filhas, isto vós também deveis fazer. Para vós a vida de Jesus na Eucaristia deve ser o estilo e o modelo de vida.
É muito importante que nós reflitamos sobre algumas características que a Eucaristia evidencia:
- Essa é vida de amor.
- Essa é vida de obediência.
- Essa é vida das dores.
- Essa é vida de oração.
- Essa é vida de sacrifício.
- Essa é vida da graça.
- Essa é vida de combate.
- Essa é vida bem-aventurada.
Vida de Amor
Jesus Cristo declara que é sua delícia estar entre os filhos do homem (Pv 8,31), mas as suas delícias são semelhantes aquele que acompanham os mais caridosos e misericordiosos entre os homens: aqueles que descem nos cárceres para consolar os prisioneiros, aqueles que vão nos hospitais para levar conforto aos sofrimentos, para medicar os enfermos.
Refletindo sobre isso, minhas filhas, sobretudo quando recebem a Comunhão, deveis dizer: “Senhor, satisfaz em mim a necessidade do teu coração e do teu amor que eu sinto continuamente. Eu não sou que uma pobre prisioneira, uma doente: vinde, portanto, visitar-me. Quebrai as minhas correntes, curai as minhas chagas assim que tu possas encontrar a tua delícia no permanecer comigo e porque eu possa encontrar a minha delícia no estar contigo”.
Obediência
Também na Eucaristia, Jesus vive uma vida de obediência. Com somente uma palavra do sacerdote Ele desce do alto da sua glória com a mesma prontidão com a qual se encarnou no seio da Virgem Maria. Eis que Ele está entre as mãos do sacerdote e depende unicamente d’Ele. Se deixa recolocar e fechar no Sacrário, se deixa levar para todo pessoa que O procura, tantas vezes a quantos são seus inimigos porque estão no pecado, e indignos de recebê-Lo.
Filhinhas, vos perguntem como está a vossa obediência aos mandamentos e à Regra. Pergunteis a vós mesmos o quanto sois dóceis às aspirações que o Senhor vos manda e quanto vós estais em sintonia com os vossos Superiores. Jesus, também eu, como tu, quero viver na obediência. Fazei para que também eu, com S. Agostinho, possa dizer: “Meu Deus, a tua vontade é a minha vontade”.
Dor
Jesus na Eucaristia prova ainda dor. Não esqueçais: “Fui culpido todo o dia e a minha pena se renova cada manhã (Sl 73,14)”. E, verdadeiramente o flagelam as indiferanças, as irreverências, as profanações, os sacrilégios de tantas almas desviadas. Que dor deve ser para Ele enxergar-se como lugar de ruína e perdição, ao invés que como vida e salvação de tantas almas para as quais Ele muito sofreu.
Filhas, pensando nisso, digam-lhe: “Quero consolar-te nos teus sofrimentos, recordando que também eu estou no número dos ingratos que não reconhecem o teu amor e te provocam dor. Se as iniquidades dos pecadores, não cessam de flagelar-te, meu Senhor, eu não cessarei de bendizer-te, louvar-te e amar-te com toda a possibilidade que me concedem as minhas forças”.
Oração
Na Eucaristia Jesus vive de oração. Como vive no céu, assim Jesus está sempre vivo na Eucaristia e como suplica ao Pai no céu, assim suplica ao Pai por nós na Eucaristia: Ele vive para interceder por nós (Cf Eb 7,25). Filhas, digam a Jesus: “Meu Senhor, eu eu tenho certeza de que neste teu Sacramento se eleva o grito da tua oração em meu favor e se eleva ao trono do Pai. Tu reze sempre por mim com zelo e interesse. Isto me incentiva a fazer de maneira que as minhas orações sejam plenas de fervor e incessantes. Tu porém, doa-me o teu espírito de oração, aquela que forma a vida dos teus eleitos, dá-me aquele gemido inexprimível da alma que suspira por ti, busca a ti, chama a ti como único remédio à sua fragilidade, como único bem que a pode tornar feliz.
Sacrifício
Ainda, em Jesus Eucarístico, podemos contemplar o sacrifício. Ele, de fatto, continuamente se oferece ao Pai como vítima de espiação pela nossa salvação para que ssejam satisfeitos os nossos deveres em relação a ele. Filhas reflitam sobre isso e digam a Jesus Cristo: “Meu Senhor, qual consolação é pra mim saber que o mérito infinito da tua paixão e morte se renova continuamente subre nossos altares. É necessário pra mim oferecer os meus sacrifícios à tua oblação. Se não tenho outra coisa, quero oferecer-Te o sacrifício do meu coração contrito e humiliado. Derramarei lágrimas de dor pelos meus pecados e tu me ensinareis a rerecber com amor as contrariedades e os sofrimentos desta vida, sofrendo e padecendo por ti.
Vida de graça
Filhas, daquilo que refletimos até aqui, nasce a vida da graça que é uma vitoriosa luta contra os nossos inimigos e já aqui na terra podemos viver uma vida bem-aventurada. “Ó vós todos sedentos, vinde à água, quem não tem dinheiro venha igualmente (Is 55,1)”.
A água da qual a Eucaristia é a fonte inesgotável é:
- a sede da misericórdia,
- a sede pela perfeição da virtude,
- a sede de zelo pela saúde das almas.
A vós, que tendes sede, Jesus Cristo dará água copiosa, tanta quanta é a vossa sede e na medida na qual vos esvaziareis do amor próprio.
Vida de combate
Jesus, a Eucaristia, combate por nós, em nós, com nós. É impossível para nós perder, somos seguros da vitória: “Não chorais mais, venceu o leão da tribo de Judá (Ap 5,5)”; “Tudo posso n’Aquele que me dá força (Fil 4,13).
Vida bem-aventurada
A bem-aventuraça do céu, a visão e o possesso de Deus, são inseparáveis da humanidade glorificada de Jesus Cristo na Eucaristia. Portanto, bem-aventurados aqueles olhos que veem aquilo que ele enxergava, bem-aventurado aquele coração que se abre ao torrente das suas delícias. Certamente a Eucaristia é o paraíso na terra. Nós portanto, quando nos aproximamos do altar para conversar familiarmente com Jesus, quando nos nutrimos d’Ele, recebendo-O na Comunhão, saboreamos uma migalha da bem-aventurança que nos espera, nos encontramos já às portas da eternidade gloriosa, na qual, uma vez entrados, estaremos sempre com ele: “E estaremos com ele para sempre (1 Ts 4,17)”.
Filhas, fazeis de manira que esta vida seja modelada sobre a vida de Cristo presente na Eucaristia. Foi assim que Ângela se tornou uma grande santa. E vós também vos tornareis santas e em vós resplandecerão as virtudes que resplandeceram na vossa Mãe.
Dos escritos do Bem Aventurado Zeferino Agostini.