“Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos”
(Atos dos Apóstolos 4,20)
Neste mês de outubro fomos chamados como Igreja a viver o dom da missionariedade recebido em nosso Batismo, Papa Francisco diz que, “nós somos uma missão”, nossa vida é missão, pelo simples fato de testemunhar um amor que nos envolve. Testemunho este que mais do que com palavras, é feito de uma coerência de vida e uma compaixão que se estende a todos.
Do dia 15 a 25 de outubro de 2021, tive a oportunidade de vivenciar uma experiência de missão no município de Cabo Frio, segundo distrito de Tamoios, Rio de Janeiro. A missão aconteceu em duas Paróquias: Nossa Senhora de Fátima - Unamar e São Pedro e São Paulo - Aquários. Estas Paróquias estão situadas no extremo da Arquidiocese de Niterói e são de fato “terras de missão”. Fomos convidadas pelo pároco, Padre João Batista Toledo, grande missionário que já trabalhou por muito tempo com as Irmãs Ursulinas em Barra do Garças-MT e em Porto Velho-RO. O objetivo da missão foi de despertar nos paroquianos o espírito Missionário, através dos encontros formativos com as diversas pastorais e movimentos da Paróquia e, por meio das visitas, nas comunidades e famílias.
Para mim, foi ocasião para refletir sobre o dom da minha vida e vocação. Perceber que estão envolvidas pelo dom da Missão, que já me acompanham desde a minha primeira experiência depois dos primeiros votos, quando fui enviada para Vila Maria - Barra do Garças/MT, local onde atualmente moro. Deixar a região sul e ir para uma realidade nova, o encontro com outra cultura e um modo diferente de viver. Me encantei com a experiência e com a novidade que Deus estava me concedendo e daí por diante a missão não me abandonou mais. O Senhor me envia de lugar em lugar, para que eu possa ser sua testemunha e aprender com a realidade que me acolhe.
Por ocasião da abertura da presença Ursulina em Rondônia tive o privilégio de iniciar juntamente com outras irmãs as duas comunidades Ursulinas em terras amazônicas. Como no curso de Missionários da Amazônia tão bem nos explicaram, “vocês devem primeiro ouvir, escutar o povo, pelo menos seis meses antes de querer fazer algo”. A realidade Amazônica me apaixonou: a itinerância; o desapego; a sobriedade; o trabalho em equipe missionária; a dimensão da eclesialidade; de uma Igreja viva, com leigos engajados e desejosos de formação, para poder testemunhar o Senhor e fazer o Reino de Deus acontecer nas diversas realidades.
Como dizia nas partilhas nos encontros formativos, e nas visitas em Cabo Frio, olho para o testemunho de Abraão, nosso “Pai na fé”, ele foi de lugar em lugar, na certeza de uma Palavra, de uma voz que lhe calava dentro do coração, uma voz que foi a certeza de um amor maior que sempre o acompanhou, esse amor é Deus. É essa certeza que carrego no coração, é o Senhor que me conduz e que me surpreende sempre com novas experiências e assim posso dizer com o salmista: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria” (Sl 125). Essa foi a síntese destes dez dias que me deram a alegria de fazer memória do dom da minha vida que é missão, e assim como diz o tema deste mês missionário, não posso guardar para mim tudo o que o Senhor fez por mim, por isso vou de lugar em lugar e em cada um deles me sinto em casa, pois Ele é a minha casa. Onde quer que eu vá, Ele está e estará comigo, mesmo quando nem tudo for nítido, por isso me abandono nas asas do amor, pois Ele é a minha força, meu sustento, minha rocha.
Quantos tem sede desse anúncio de um amor que preenche, de uma visita, de um sorriso que acolhe, de um ouvido que escuta, de uma palavra amiga. Quem vai, recebe muito mais, pois Deus mesmo se revela nas pessoas que vamos encontrando. O Senhor é quem envia em missão, não tenhamos medo de ir, Ele está a nossa frente.
“Dizer aos outros aquilo que somos, significa narrar o que Deus fez por nós, significa dizer que a nossa vida não consiste em fazer grandes coisas, mas em fazer a vontade de Deus” (Bv. Zefirino Agostini)
Ir Adriane Pott